O último adeus
Não cresci a ouvir Carlos do Carmo. Admito até que o fado nem é dos estilos musicais que mais aprecie, embora o ouça. Mas sei reconhecer uma referência quando me deparo com uma. E Carlos do Carmo era uma. Podem existir 100 versões diferentes de "Lisboa, menina e moça" , mas na voz de Carlos do Carmo a mesma ganhava uma dimensão, emoção e carácter inigualável. Quando soube da sua partida hoje pela manhã, estava a tomar o pequeno almoço e ouvia Them Crooked Vultures. Senti uma necessidade inexplicável de prestar os meus respeitos ao vulto, ao homem, ao artista. E não sei fazê-lo de outra forma senão ouvir um pouco da sua obra. Durante largos minutos fui tomado por uma melancolia que apenas o fado nos consegue transmitir e um lamento por talvez não ter tido o discernimento de ter estado mais atento à obra deste homem enquanto caminhou entre nós. Adeus, Carlos do Carmo. Serás sempre recordado como um dos grandes. Mais que um grande fadista, um grande homem e um grande senhor.